Se você é mulher pode ser que ele tenha surgido de uma forma surreal, pois muito provavelmente na sua infância nunca te motivaram a ter uma bola, ou ir ao estádio, ou escolher um time ou muito menos alguém te explicou algo sobre futebol. Para mim surgiu vendo meu pai jogar, vendo meu pai amando um time, ficando nervoso com um jogo de futebol, ouvindo jornada esportiva no rádio.
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A primeira bola que tive caiu no quintal da minha casa e eu só fiquei com ela porque todos os garotos tinham medo da minha mãe.
Futebol pra mim e para muitas mulheres da minha geração é um esporte de resistência, político, motivo de luta para ter espaço em um ambiente totalmente machista.
Quantas vezes você ouviu de uma maneira descrente e desrespeitosa de um homem “já que gosta de futebol, o que é impedimento?” ou a clássica “você não pode jogar futebol, porque é uma menina”? Atualmente temos alguns projetos que dão espaço para mulheres praticarem futebol, para aprenderem ou até mesmo um local onde se pode reunir as amigas para uma pelada. Porém ainda temos muitos espaços que podem ser ocupados pelas mulheres, ainda temos times masculinos sem uma equipe feminina estruturada. Ainda temos que lutar muito.
O futebol como qualquer esporte tem uma função bem além de competição: às vezes ele funciona como um escape psicológico do estresse e ansiedade cotidianos, às vezes quem pratica precisa apenas de um espaço para se reconhecer no mundo e para interagir, descobrir que além de você existem muitas mulheres que também gostam do esporte.
Precisamos ir além da discussão de mulheres que gostam de jogar futebol. Precisamos evidenciar e “normalizar” o futebol feminino. Com torneios, com peladas, com copas, com um times de futebol feminino. Temos jogadoras que são ótimas e também temos jogadoras com suas deficiências técnicas como em qualquer esporte profissional. Faz parte. Assim como nas peladas temos disputas, temos briga com juízes, temos pênaltis perdidos, tudo o que acontece em uma pelada do time masculino. Igualzinho.
A luta é por espaço e também por igualdade, de direitos e de visibilidade. Para que hoje as meninas e futuras mulheres que venham a gostar de futebol, possam fazer isso tranquilamente, sem repressões e sem julgamentos. O esporte é para todos.