O ano de 2019 ficará marcado na história do futebol feminino. E, com essas palavras, a FIFA iniciou a cerimônia de premiação dos melhores do ano. Apesar da expectativa da abertura dos envelopes, no fundo, a maioria já imaginava os resultados que eles trariam. Megan Rapinoe foi eleita a melhor jogadora do ano, Sari Van Veenendaal escolhida a melhor goleira e Jill Ellis a melhor técnica no comando do time campeão do mundo na França.
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A premiação também indicou as 11 melhores atletas em cada posição. Um momento extremamente marcante para o futebol feminino:
Goleira: Sari Van Veenendaal (Holanda)
Defesa: Lucy Bronze (Inglaterra)/ Nilla Fischer (Su[ecia)/ Kelly O’Hara (Estados Unidos)/ Wendie Renard (França)
Meio Campo: Julie Ertz (Estados Unidos)/ Amandine Henry (França)/ Rose Lavelle (Estados Unidos)
Ataque: Megan Rapinoe (Estados Unidos)/ Marta (Brasil)/ Alex Morgan (Estados Unidos)
A melhor goleira
A primeira a receber a premiação foi a goleira holandesa Sari Van Veenendaal, que estava realmente feliz em ser escolhida. Ela tinha entre as concorrentes Christiane Endler (Chile e PSG), Hedvig Lindhal (Suécia e Wolfsburg).
“Sempre tem uma primeira vez para tudo. A primeira vez numa final da Copa do Mundo, a primeira vez em ganhar esse prêmio e a primeira vez para as garotas que jogam nas ruas. E ela tinha um sonho, de jogar em times grandes, como Arsenal e Atlético de Madrid. Ela queria ser a melhor, e agora, ela pode ser não só a melhor jogadora, como a melhor goleira. Estou muito orgulhosa disso porque nós, goleiras, mostramos um ótimo trabalho”. Sari, que também levou a Luva de Ouro na Copa do Mundo, citou Lindahl e Endler como modelos a serem seguidas nos campos de futebol.
Técnica premiada
Jill Ellis recebeu o troféu das mãos de José Mourinho e não poupou elogios e agradecimentos. “Quero agradecer Phil Neville e Sarina Wiegman que fizeram este ser um trabalho mais duro. E tenho que agradecer dois times. O primeiro minhas jogadoras, que foram incríveis e, como técnica, sei que sem o comprometimento e talento de cada uma não, não alcançaria nenhum prêmio; meu staff também. Eles mantiveram esse time unido, saudável, motivado e devo uma gratitude enorme a eles. O segundo time que quero agradecer é a minha família. Obrigada pelo amor e apoio de sempre”. Jill era só sorrisos no palco, não somente pelo reconhecimento, mas pela presença de seus pais na plateia.
O discurso esperado
Após a apresentação de Lionel Messi como o melhor jogador do ano, era esperado o momento do anúncio da melhor jogadora eleita pela FIFA. E sem delongas, o nome de Megan Rapinoe foi chamado. Como todos sabem, os fortes discursos da jogadora norte-americana sempre trazem aquele clima tenso para organizadores. E ela não decepcionou.
Após agradecer o reconhecimento, disse que estava sem palavras – o que ela mesma disse que era raro. “Quero agradecer minha família, meus amigos, minha namorada que não pode estar aqui. Obrigada pelo suporte e em especial, pelo que aconteceu nesse último ano”.
“Este foi um ano incrível para o futebol feminino. Para aqueles que só notaram agora, tudo bem. Estão um pouco atrasados para a festa, nós perdoamos. Estamos só começando”. Assim começou o discurso de cobranças da jogadora, que se mostrou impressionada com Gianni Infantino. O presidente da FIFA levantou os casos de racismo no futebol e também o caso da torcedora iraniana que ateou fogo em seu próprio corpo em dois discursos.
“Se realmente queremos uma mudança significativa, se todos, além de (Raheem) Sterling ou (Kalidou) Koulibaly, ficaram indignados com os atos de racismo, se todos ficaram indignados com a homofobia… Bom, nós temos uma oportunidade, somos jogadores bem sucedidos e temos uma plataforma forte. Peço a todos aqui: emprestem sua plataforma a outras pessoas. Temos uma oportunidade única de usar o futebol para mudar o mundo para melhor. Espero que vocês levem isso a sério, façam alguma coisa”, cutucou Rapinoe.
Emocionante
Silvia Grecco e seu filho Nicolas receberam o prêmio Fan Awards. A mãe, que narra o jogo para seu filho deficiente visual, emocionou a todos que estavam no evento – mesmo sem ter uma tradução simultânea de seu discurso.
“Estamos representando nosso time, Palmeiras, os torcedores do Brasil e do mundo. Todos aqueles que torcem pelas pessoas com deficiência. O futebol pode transformar a vida das pessoas e o simples gesto de narrar os jogos para meu filho deu oportunidade de nossa história rodar o mundo. A pessoa com deficiência existe, e precisa ser amada e incluída”, finalizou Silvia.