Nos anos 20, Lily Parr foi a jogadora de futebol mais famosa na Inglaterra. O futebol feminino atingiu uma popularidade imensa, levando multidões aos estádios e ela era a craque do time do Dick Kerr’s Ladies.
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Sua história começou em 1905 e Lily Parr demonstrava um grande interesse por futebol desde criança. Ela aprendeu a jogar rugby e futebol com o irmão e sempre foi muito habilidosa. Estreou no futebol quando tinha apenas 14 anos e começou jogando no St Helens Ladies, time que leva o nome da cidade onde nasceu. Se destacava por ser mais alta que as colegas de time e por possuir um chute fortíssimo, que ela treinou a vida inteira, para que pudesse acertar o gol de qualquer lugar do campo.
No primeiro jogo contra o Dick, Kerr’s Ladies ela chamou atenção do treinador Alfred Franklin e acabou chamada para o time rival. Ela marcou 43 gols na primeira temporada pelo time, um número notável até hoje.
Existem diversas histórias sobre Lily Parr. Uma delas é que numa cobrança de pênalti, o chute foi tão forte que fraturou o braço de uma goleira. Marcou mais de 900 gols em seus 31 anos de carreira. E ainda fumava uma enorme quantidade de cigarros, o que não impedia ela de ser uma ótima corredora.
O início da Primeira Guerra Mundial fez com que as mulheres passassem a ocupar lugares na indústria bélica na produção de munições e outros artefatos e também passaram a jogar futebol, como os homens das fábricas da época faziam. Em 1917 a Challenge Cup nasceu e permitiu jogos entre os times das trabalhadoras dessas indústrias. O futebol feminino explodia em todo o país, atraíndo o mesmo público que os homens na época. Públicos acima de 50 mil pessoas foram contabilizados na época nos jogos mais importantes.
No entanto, o fim da Primeira Guerra fez com que o futebol feminino fosse novamente questionado. Como os jogos de futebol entre mulheres eram de certa forma encarados como uma concorrência ao futebol masculino no campeonato Inglês, a FA acatou as diversas reclamações onde alegavam, dentre outras coisas, que mulheres eram incompatíveis com este esporte. Por fim divulgou nota do conselho informando o futebol feminino não deveria ser incentivado nem praticado. Estava proibida oficialmente a prática a partir daquele momento.
Lily Parr, porém, resistiu a vida inteira. Jogou até os 45 anos no Preston Ladies enquanto trabalhava em um hospital. Lá conheceu sua esposa, Mary, compraram uma casa juntas e viviam sem esconder sua orientação sexual mesmo sabendo dos riscos que corriam na época. Resistiu jogando, fazendo gols e vivendo sua vida sem medo.
Faleceu em 1978 e felizmente viveu para ver a FA revogar a proibição ao futebol feminino. Lily Parr fez muito pelo futebol feminino e foi um ícone na história por décadas até que a modalidade voltasse a ganhar força nas décadas finais do século.
Hoje ela inspira diversas mulheres a jogarem futebol no mundo inteiro, tendo homenagens de todos os lugares. Há pelo menos duas copas que saúdam seu legado, a Dick, Kerr’s Cup na Inglaterra e a Copa Lily Parr no Brasil são dois exemplos.