O Orlando Pride, equipe que integra a NWSL (National Women’s Soccer League), liga equivalente à primeira divisão do futebol feminino dos Estados Unidos e que conta com as brasileiras Marta e Camilinha no elenco, anunciou que não disputará a Challenge Cup que começará este mês após seis jogadoras e quatro membros do departamento de futebol testarem positivo para COVID-19.
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Em nota oficial, o Orlando Pride ressaltou que a decisão de se retirar da disputa foi voluntária e integralmente baseada na segurança das atletas e demais envolvidos. O clube relata ainda que todos os indivíduos envolvidos estão assintomáticos e ficarão em quarentena por 14 dias. Além disso, o centro de treinamento da equipe foi isolado para desinfecção. “Essa é obviamente uma notícia difícil e desapontadora para jogadoras, membros da equipe e torcida, mas é uma decisão que foi tomada para proteger a saúde e a segurança de todos envolvidos na Challenge Cup”, afirmou a vice-presidente executiva do Orlando Pride, Amanda Duffy.
O torneio, que terá duração de um mês, foi a solução encontrada pela liga para enquanto o campeonato regular segue adiado por tempo indeterminado por conta da pandemia. A Challenge Cup tem início marcado para o próximo sábado e será disputado em Utah entre, até então, as nove equipes que integram a NWSL. O Orlando Pride viajaria nesta quarta-feira e chegou a fretar um avião para que as jogadoras viajassem em segurança e sem riscos de contágio.
No entanto, os mesmos cuidados não foram aplicados por algumas atletas… Os nomes das jogadoras e membros da comissão testados positivos para Coronavírus não foram oficialmente divulgados pelo clube, mas nas redes sociais é possível encontrar um post de uma amiga da atleta Taylor Kornieck fazendo uma piada sobre a ida ao bar.
Apesar das evidências, o Orlando Pride não deu detalhes sobre quais medidas serão tomadas com relação à jogadora.
Vale lembrar que a Flórida, onde fica a cidade de Orlando, acaba de se tornar o sétimo estado norte americano a ultrapassar a marca de 100 mil casos de Covid, com 3.173 mortes registradas, de acordo com informações divulgadas nesta segunda pelo Departamento Estadual de Saúde.
Enquanto o pronunciamento oficial do clube se restringiu às formalidades, algumas jogadoras se manifestaram em suas redes sociais deixando clara a frustração com o episódio. A atacante Sydney Leroux, que no último ano ganhou a mídia após ser fotografada em treino grávida de 6 meses e que retornou ao time apenas 3 meses após o nascimento de sua filha, postou em seu Twitter: “Estou com o coração partido. A maioria do nosso time e comissão trabalhou muito para nos colocar na melhor condição para que pudéssemos jogar o jogo que mais amamos. Não apenas por nós, mas por nossas famílias, amigos, torcedores e cidade. Boa sorte para as equipes que vão para Utah. Gostaria que estivéssemos lá vocês. Fiquem bem.“
A goleira Ashlyn Harris também se manifestou em seu Instagram: “Ficar esperando para fazer um teste em uma unidade móvel após poucas horas de sono. Dormir em lados opostos da casa e afastada da minha esposa. Minhas colegas de time e demais membros do clube separados de suas famílias. Estou desapontada, triste, assustada, frustrada, entre outras coisas.”
O episódio com o Orlando Pride escancara o quanto uma atitude egoísta e inconsequente como a de furar a quarentena em meio a uma pandemia para ir a um bar (ou um churrasco, ou na casa de amigos e parentes, ou ao shopping) pode afetar a vida de outras dezenas de pessoas. Mesmo que a contaminação não se desdobre para um quadro mais grave de Covid e que todos se mantenham saudáveis, um clube inteiro foi afetado financeiramente. Ao mesmo tempo, é importante exaltar o trabalho do clube em se manter vigilante com relação à saúde de suas jogadoras e demais membros, bem como da NWSL em estabelecer diretrizes extremamente rigorosas para o controle do Coronavírus durante a competição, o que, infelizmente, não vemos refletido em vários clubes e campeonatos no Brasil.