Ontem (30), o Flamengo/Marinha se reapresentou no CEFAN após mais de dois meses de paralisação devido à pandemia do novo coronavírus. No início da semana, todo o elenco e staff foi testado. Uma atleta deu positivo para o COVID-19 e foi prontamente afastada do elenco.
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A grande novidade no retorno foi o início do comando de Celso Silva, que foi anunciado na semana passada. O antigo auxiliar técnico assumiu o posto de Ricardo Abrantes, que treinou o time feminino do Flamengo desde 2015.
Celso agora tem como desafio preparar a equipe para o retorno do Brasileiro A1, que será no dia 26 de agosto. Nós do JogaMiga conversamos com o novo treinador para conhecer um pouco mais do seu trabalho e seus objetivos
JogaMiga: Como você começou no futebol?
Celso Silva: Eu sou graduado, pós-graduado e tenho mestrado em Educação Física pela UFRJ. Minha experiência no futebol começou em 2006, quando comecei a trabalhar como preparador físico da base do Botafogo. Tempos depois migrei para a parte de fisiologia e análise tática. Em 2008 fui trabalhar no Fluminense e fiquei lá até 2014, quando vim para a Marinha.
JogaMiga: Então você trabalhou na Marinha antes mesmo do Flamengo firmar a parceria em 2015, certo?
Celso Silva: Isso. Eu entrei na Marinha através de um processo seletivo que eles fizeram com civis, uma tentativa de tornar o futebol feminino deles mais profissional. Na época que eu entrei, eles tinham uma parceria com o Botafogo, que não deu muito certo e um ano depois o Flamengo entrou.
JogaMiga: Foi a primeira vez que você esteve na comissão de uma equipe feminina. Quais as principais diferenças que você sentiu?
Celso Silva: Foi um choque num primeiro momento. Porque eu vinha de um trabalho com a base e percebi que no futebol feminino não havia uma base forte. Treinei mulheres com uma experiência profissional de futebol similar a de um garoto de base. Também havia muita disparidade. Algumas atletas muito experientes como a Tânia Maranhão ou Katia Cilene jogavam ao lado de meninas que começavam no futebol.
JogaMiga: Você acha que muita coisa mudou de lá para cá na modalidade?
Ceso Silva: Com certeza. Um grande problema que a gente tinha era o calendário: o campeonato brasileiro da CBF, que começou só em 2013, era de setembro a dezembro. No resto do ano as jogadoras ficavam paradas. Agora temos um campeonato mais consistente, com mais jogos. Também temos agora um estadual, que ainda não se sabe como vai ser nesse ano, mas já é um começo.
JogaMiga: E com a parceria do Flamengo? O que mudou para a Marinha?
Celso Silva: Eu acho que foi uma parceria muito benéfica para os dois lados. A Marinha se viu obrigada a se profissionalizar mais ainda e o Flamengo deu condições para isso. Hoje nós temos um centro de treinamento excelente. Nós somos, por exemplo, um dos únicos dois times no Brasileiro A1 a treinar com GPS. O Flamengo pegou um projeto que já estava encaminhado e ajudou a avançar ainda mais.
JogaMiga: Antes da paralisação, o Flamengo perdeu 2 dos 4 jogos que disputou. Agora no retorno tem pela frente dois adversários difíceis: Internacional e Corinthians. Como fazer para subir na tabela?
Celso Silva: É claro que estamos em uma posição (13ª da tabela) que ninguém gostaria de estar. Mas agora é como se começasse um novo campeonato. Algumas jogadoras que estavam contundidas voltaram e, mesmo que remotamente, nosso preparador físico manteve as atletas ativas. Acreditamos no trabalho que desenvolvemos. Agora é cuidar para que as jogadoras não se contundam e principalmente, não se contaminem.
JogaMiga: Para você como é treinar o Flamengo?
Celso Silva: É incrível! Estou muito animado e ansioso para poder dar a minha cara a este projeto. Me sinto honrado não só por comandar uma equipe grande como o Flamengo, mas por assumir o posto do Ricardo. Além de ter sido seu auxiliar desde 2015, ele é também um grande amigo há mais de 12 anos. Então estou só felicidade e pronto para voltar aos jogos!