O Kick4Life FC é uma instituição de caridade que atua em Lesoto com o intuito de usar o esporte como ferramenta para combater a pobreza. Sediado na capital Maseru, o time possui duas equipes, ambas na primeira divisão: eles competem na “Lesotho Econet Premier League” e elas na “Lesotho’s Women’s League”. E, a partir da próxima temporada, terão o mesmo pagamento.
• Encontre um lugar para jogar futebol feminino em sua cidade. Conheça o Mapa do Futebol Feminino.
Em declaração ao site oficial, o CEO e co-fundador Steve Fleming disse: “Como um clube dedicado à mudança social, não podemos mais justificar ser cúmplices em uma indústria esportiva global que coloca oportunidades para os homens à frente das mulheres. E acreditamos que, mudando as coisas no campo de futebol, podemos buscar de maneira mais eficaz a igualdade de gênero em todas as áreas da vida – em casa, na escola, nos relacionamentos e no local de trabalho.“
A treinadora da equipe feminina Puky Ramokoatsi, acrescentou: “Sinto muito orgulho de fazer parte do primeiro clube de primeira divisão a ter um investimento igual ao gênero. Seremos uma inspiração para a comunidade de futebol no Lesoto e em todo o mundo. Mas também é uma atitude natural, depois de vários anos de uso do futebol, desafiar a discriminação de gênero e capacitar mulheres e meninas.”
O Kick4Life é o primeiro clube de primeira divisão a equiparar pagamentos para homens e mulheres, mas não é o primeiro em todos os tempos. O pioneirismo pertence ao Lewes FC, da segunda divisão feminina inglesa. Alguns países, como Nova Zelândia e Noruega também equalizaram seus pagamentos.
A instituição nasceu há 15 anos, quando os irmãos britânicos Steve e Pete Fleming fizeram uma campanha de arrecadação de fundos no Malauí. Com o sucesso da campanha, acabaram se estabelecendo em Lesoto, onde começaram a construir o time (masculino) e levá-lo à primeira divisão. Em 2015, a equipe feminina se consolidou como uma das participantes da primeira edição do campeonato feminino, sendo vice-campeão em três oportunidades. Elas conquistaram a da Copa da Superliga, em 2018.
A equipe feminina conta com atletas profissionais e semi-profssionais, entre 15 e 32 anos, sendo a treinadora Ramokoatsi uma das figuras mais influentes. Ela, aliás, ingressou no time, há dez anos, graças ao programa Girls United, que tem como intuito combater a violência de gênero.
No continente africano, de acordo com a BBC, apenas Etiópia e África do Sul pagam o mesmo salário às duas seleções. Na Nigéria, a partir de novembro de 2019, o governo do Estado de Edo, no sul do país, paga ao time feminino, Edo Queens, da primeira divisão, o mesmo salário que é pago ao time masculino, Bendel Insurance, que está na segundona.