Os próximos passos do futebol feminino no Brasil - JogaMiga
Imagem da taça do Campeonato Brasileiro A1

Os próximos passos do futebol feminino no Brasil

Em menos de uma semana voltamos a acompanhar a maior competição do futebol feminino nacional. A primeira rodada do Campeonato Brasileiro terá quatro partidas no sábado (08) e mais quatro no domingo (09) – no final da matéria colocamos os confrontos e horários. Mas nas últimas semanas muito se falou sobre uma palavra: profissionalização. 

Boa parte da população sabe o significado disso, mas falando sobre o tópico no mundo esportivo, chega a ser espantoso. Estamos falando de uma modalidade profundamente difundida no mundo e que, ainda assim, trata suas atletas como amadoras.

Jogadora do Corinthians e da Ferroviária disputando uma bola
Corinthians e Ferroviária disputaram títulos em 2019 – Crédito: Lucas Figueiredo/CBF

Realidades paralelas

Traçando um paralelo, o voleibol teve suas primeiras atletas profissionais a partir de meados dos anos 70. A mesma década da liberação da prática do futebol para mulheres no Brasil. Se o comparativo for dentro do próprio futebol, os homens já contam com suas carteiras assinadas em seus clubes desde os anos 50. 

Apesar dos anos que foram retirados dos direitos das mulheres no futebol, 2020 tem uma expectativa grande de desenvolvimento e mais avanços. Dos 16 times participantes do Brasileiro A1, 10 clubes mantém vínculos empregatícios e carteiras assinadas de suas atletas. Isso garante não somente a estabilidade financeira das jogadoras, mas assegura também benefícios do regime CLT. 

Veja também:  Você sabe por que a seleção japonesa se chama Nadeshiko?

Pioneirismo

Entre os times brasileiros, o Santos foi o pioneiro na profissionalização de sua equipe feminina. Em 2015, Modesto Roma Junior resolveu retomar a equipe das Sereias da Vila, dessa vez como um time profissional. Um projeto que havia sido encerrado em 2012 e que contou com um elenco cheio de craques, como Marta e Cristiane. 

O time chegou a ter 11 jogadoras chamadas numa mesma convocação para a seleção nacional. Na época, Modesto ofereceu para as jogadoras salário fixo, alojamento, bolsa de estudo e alimentação, além de treinamentos fixos nos CTs do clube – realidade bem distante da vivida pelas atletas da geração anterior. 

Crédito: Santos FC/ Divulgação

As necessidades

As equipes que não estão entre as profissionais da série A1 do Brasileiro são Kindermann, Osasco Audax, Minas, São José, Ponte Preta e o Palmeiras, um dos times que mais se reforçou para a temporada. Na série A2, só quatro dos 36 times são profissionais. A carteira assinada no futebol feminino não é significado de salários nas casas de centenas de milhares como estamos acostumados a ver no masculino. Bem pelo contrário.

Um dos times profissionais da série A2 é o Atlético-MG, que teve suas atletas convidadas a serem gandulas em um jogo do Campeonato Mineiro masculino. A discussão tomou alguns veículos, mas as próprias jogadoras contaram que aceitaram o convite feito pela diretoria – que normalmente é feito às equipes de base. O dinheiro extra para pagar os boletos que não param de chegar foi R$ 90,00.

Atletas receberam R$90 para trabalharem como gandulas. Crédito: Jornal Hoje em Dia-MG

Campeonato profissional

A expectativa para quem vive e acompanha o futebol brasileiro é que a CBF possa pensar no próximo passo do desenvolvimento da modalidade: tornar campeonatos profissionais. Ano passado, a Confederação definiu que os participantes da série A do Brasileiro deveriam se enquadrar no Licenciamento de Clubes. Isso demandou as equipes a terem um time de futebol feminino de base e um adulto – sem a obrigatoriedade de ser profissionalizado – deixando tal responsabilidade somente a cargo dos próprios clubes. 

Veja também:  Jogadora do interior da Bahia concorre ao título de gol amador mais bonito do Brasil

Acompanhamos recentemente alguns exemplos de profissionalização das ligas no mundo e que são excelentes modelos a serem seguidos. Na Inglaterra, a Superliga Feminina (WSL) tornou-se um campeonato profissional em 2018. Isso permitiu a valorização das jogadoras, visibilidade mundial e o crescimento da modalidade não somente na questão atlética, mas financeira. A AFA – Federação Argentina de Futebol – fez o mesmo em 2019 e profissionalizou o futebol feminino no país. 

Primeira rodada do Brasileiro Feminino A1

Sábado – 08 de fevereiro
13h Kindermann x Vitória
15h Ferroviária x Osasco Audax
15h Grêmio x Minas
15h Santos x Flamengo

Domingo – 09 de fevereiro
12h Palmeiras x Corinthians
13h Ponte Preta x Iranduba
13h Internacional x São José
17h Cruzeiro x São Paulo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *